Não espero que compreendas. Talvez a única maneira possível de estar no mundo seja sozinho. Para todos os efeitos a culpa é minha. Porque te disse que podíamos ficar amigos quando o amor se esgotasse a si mesmo, sem te dizer que pouco me preocupo com os meus amigos, que não tenho tempo para eles.

Eventualmente acabarás por aceitar as saudades como parte integrante de um outro qualquer sentimento, que então não saberás muito bem definir. Ou uma mera existência sem nada que se lhe possa associar. Alguém que passou, apenas. Por mim, tudo bem. Delicio-me demasiado com os caminhos do meu próprio pensamento, da minha própria imaginação. Encontro muito mais felicidade nas coisas como elas poderiam ser, do que nas coisas como são.

Não espero que compreendas que, na minha estranha curiosidade por tudo, eu não queira sequer saber. Que possas adoecer, até morrer. Que possas encontrar beijos mais doces, braços mais ternos. Que possas até convencer-te que afinal não valho o tempo gasto comigo. Não quero saber. Porque para mim, num constante virar e revirar de “e ses” completamente imaginários o nosso amor nunca acabou.