É só mesmo um cigarro. Nada mais que um cigarro. Porque nada mais nos pode acontecer sem que nos percamos irremediavelmente. É esse o preço de estar só, de ser, essencialmente, só. Porque só o teu corpo me poderia arrancar de mim, e esse seria um indelével caos que não poderia nunca enfrentar.

Só mesmo um cigarro. Depois outro, eventualmente. Mas apenas isso. Nicotina. Para acalmar, para resistir ao teu corpo que chama por mim. Aos poucos envolves-me, devolves-me a mim. Um eu que não sou eu. Tiras a roupa. Devagar. O corpo não resiste, a carne é fraca. E a cabeça vai atrás. Mais um cigarro. Para acalmar. Para resistir. Quebrei o silêncio no qual tu insististe com um beijo. Apaguei o cigarro, era inútil resistir.