Só o silêncio nos consola, e assim tem que ser. Ainda é cedo para palavras, coisinhas complicadas. Ainda é cedo para te dizer tudo o que quero fazer por ti. Ainda não é altura de te explicar que o caos há-de surgir por nós. O caos que constrói e delicia em cada peça em que se revela, a cor na tela branca. Ainda é demasiado cedo para sentimentos. Só o silêncio nos consola.

Cruzas as pernas na cadeira, à chinês, se é que os chineses se sentam assim. Tiras os óculos de sol, destapas os olhos para que me perca, e perco-me mesmo. Conversamos sobre coisas banais, como se não falássemos de todo. Mas o tempo vai passando à medida que as feridas cicatrizam nos braços um do outro. Talvez seja só isto, sem palavras, sem caos. Ou talvez seja isto que precisamos, e seja isto que fazemos um pelo outro, aquilo que não podemos pôr em palavras para não doer. Talvez. Faz sentido que seja assim.