Um olhar. Foi quanto bastou. Porque há olhares que dizem tudo, e dizem-no de uma só vez. E nada mais é preciso para se fazer infinito.
O teu olhar disse tudo. Prendeu-me. Agarrou-me. E como se isso não chegasse, cravaste-me à força na memória o teu beijo. O teu corpo ainda frágil do frio e do medo. O relógio a passar e a pôr peso nos ombros. O caos. A razão e a emoção a chocarem e a implodirem. E no fim, o silêncio dos destroços. O último olhar ao fechar do elevador.
E o teu olhar que foi quanto bastou. Que disse tudo, de uma só vez. O teu beijo que me cravou a memória para nunca mais esquecer. Um dia hei-de ficar e repetir infinitas vezes o infinito até que o relógio pare.