Não se afastavam mais do que um antebraço de distância. Como se os seus corpos nus os envergonhassem. Assim, bem juntos, não havia espaço para observar muito mais que os olhos, talvez o resto da face. Nada mais conseguiam ver um do outro.
Faziam amor muito juntos, ele por cima dela, sempre ele por cima dela. Cada vez que ele se tentava levantar mais um pouco ela segurava-o. Ele aceitava, sabia que cada uma dessas tentativas não era fruto de uma distracção momentânea causada pelo prazer. Ela perdoava todas essas tentativas.
Ela raramente se vinha. Nas duas ou três vezes em que se deixava levar pelo prazer mantinha o silêncio o mais que podia, que conseguia. Como se o seu corpo manifestando prazer também a envergonhasse.
Quando ele se vinha, saía de cima dela, deitava-se ao lado, de costas para ela e só mudava de posição depois de ela sair pelo outro lado da cama e a ouvia fechar-se na casa de banho. Vestia-se apenas quando ouvia o chuveiro correr. Quando ela voltava já ele dormia. Ela demorava sempre mais um pouco que o necessário para não correr o risco de ele ainda estar acordado.
Deitava-se, e deixava-se ficar um pouco acordada. Pousava um livro aberto sobre a barriga para o caso de ele acordar, e punha-se a sonhar. Com outro corpo que não o dela, com outro homem que não aquele, com um gemido de sincero prazer…