tenho frio. tremo. transpiro. ainda que com muita dificuldade, respiro. estou doente. parece que vou morrer. olho-me ao espelho e vejo uma sombra branca do meu rosto. no delírio febril vejo cores brilhantes de combinações de milhares de arco-íris. vejo um sorriso que brilha na escuridão quase impenetrável desta noite que sei que será mais uma em que não conseguirei dormir... apesar dos muitos comprimidos...
estou doente da alma...
insónia #1
Quando entras no bar e a vês ao longe a sorrir por ele lembras-te que não és só tu que tens um passado. E é aí que pensas que já chega, que já foi longe de mais. É aí que decides que não podes continuar assim. Fazes planos para mudar de cidade, de país e ficas no mesmo sítio porque sabes que não adianta fugir. Dizes já chega e durante dois ou três dias cumpres, não mais que isso. A necessidade de te enganares a ti mesmo é demasiado grande. Acabas por te cruzar com ela, talvez ela te telefone, e és tu quem sorris por ela. Com algo tão simples como uma qualquer piada que vos seja familiar, que te faça sempre rir. Ou talvez seja pela forma como ela pronuncia aquela palavra. O certo é que quando dás por ti, acreditas que o passado foram apenas vocês os dois, e que tudo pode voltar a ser como foi. Mas não pode. Um dia vais ter que dizer já chega e vais ter que cumprir. Mas não hoje.