o que é que eu acho da vida? não sei, sinceramente nunca pensei demasiado sobre isso. por vezes parece-me sem sentido, demasiado repetitiva. independentemente do que se se possa fazer para a condimentar, a partir de determinado momento a vida torna-se igual em cada instante. o dia de hoje igual ao de ontem e ao de amanhã. mudam pequenos detalhes e pouco mais que isso, a alma é sempre a mesma.
a partir de certa altura fartamo-nos até mesmo de nós, e disso não podemos fugir nunca. é a nós que vemos ao espelho, é a nossa voz que ouvimos, é com os nossos olhos que vemos o mundo. sempre nós. fartamo-nos também do nosso corpo que com o tempo vai envelhecendo e mesmo assim é sempre o mesmo.
talvez seja apenas eu... talvez tudo sejam ilusões, sonhos em que vivo para desviar o pensamento da realidade quotidiana, não sei... talvez seja apenas eu...
qual era mesmo a pergunta? o que acho da vida? não sei, sinceramente, não sei, nunca pensei demasiado sobre isso...
insónia #1
Quando entras no bar e a vês ao longe a sorrir por ele lembras-te que não és só tu que tens um passado. E é aí que pensas que já chega, que já foi longe de mais. É aí que decides que não podes continuar assim. Fazes planos para mudar de cidade, de país e ficas no mesmo sítio porque sabes que não adianta fugir. Dizes já chega e durante dois ou três dias cumpres, não mais que isso. A necessidade de te enganares a ti mesmo é demasiado grande. Acabas por te cruzar com ela, talvez ela te telefone, e és tu quem sorris por ela. Com algo tão simples como uma qualquer piada que vos seja familiar, que te faça sempre rir. Ou talvez seja pela forma como ela pronuncia aquela palavra. O certo é que quando dás por ti, acreditas que o passado foram apenas vocês os dois, e que tudo pode voltar a ser como foi. Mas não pode. Um dia vais ter que dizer já chega e vais ter que cumprir. Mas não hoje.