as coisas têm sempre uma solução simples... complico sempre... procuro o paraíse em ilhas desertas longínquas quando ele está ao alcance da mão. procuro saídas em paredes sem portas. evito o mar por causa dos monstros que sei que não existem mas que temo ainda assim. se eu soubesse gritar...
se soubesse... era livre... voava num sussurro de uma qualquer voz que ouvisse. escolhi a loucura, sim, escolhi, e na escolha descobri a liberdade. o poder de dizer sim ou dizer não. o poder de me esquivar do destino se tal coisa existir. escolhi o mundo do que não existe, escolhi a sedução. escolhi viver quando é mais fácil morrer, quando é mais fácil ficar sentado em frente ao rio esperando que a corrente mude de sentido. escolhi a vida sem a certeza do que isso possa significar...
insónia #1
Quando entras no bar e a vês ao longe a sorrir por ele lembras-te que não és só tu que tens um passado. E é aí que pensas que já chega, que já foi longe de mais. É aí que decides que não podes continuar assim. Fazes planos para mudar de cidade, de país e ficas no mesmo sítio porque sabes que não adianta fugir. Dizes já chega e durante dois ou três dias cumpres, não mais que isso. A necessidade de te enganares a ti mesmo é demasiado grande. Acabas por te cruzar com ela, talvez ela te telefone, e és tu quem sorris por ela. Com algo tão simples como uma qualquer piada que vos seja familiar, que te faça sempre rir. Ou talvez seja pela forma como ela pronuncia aquela palavra. O certo é que quando dás por ti, acreditas que o passado foram apenas vocês os dois, e que tudo pode voltar a ser como foi. Mas não pode. Um dia vais ter que dizer já chega e vais ter que cumprir. Mas não hoje.