pensar perturba-me. é um mal que tenho, penso demasiado. não páro de pensar. nem quando estou a dormir. canso-me. censo em ti e concluo que o melhor é afastar-te. despir-me de ti. despedir-me de ti. até nunca mais.
é triste que as coisas tenham que ser assim. é triste que tudo aqui que dediquei a ti, só a ti, se perca agora. porque considero que o meu pensamento não perde valor pelo facto de o exercer permanentemente. a ti, dediquei muitas horas desse meu exercício involuntário. a ti, dediquei muitos sentimentos que agora, se pudesse, queria de volta. agora, se pudesse, queria-te longe, fora de mim.
ficarás apenas o tempo necessário para te extinguir em mim. o tempo suficiente para que este amor se transforme em ódio.
insónia #1
Quando entras no bar e a vês ao longe a sorrir por ele lembras-te que não és só tu que tens um passado. E é aí que pensas que já chega, que já foi longe de mais. É aí que decides que não podes continuar assim. Fazes planos para mudar de cidade, de país e ficas no mesmo sítio porque sabes que não adianta fugir. Dizes já chega e durante dois ou três dias cumpres, não mais que isso. A necessidade de te enganares a ti mesmo é demasiado grande. Acabas por te cruzar com ela, talvez ela te telefone, e és tu quem sorris por ela. Com algo tão simples como uma qualquer piada que vos seja familiar, que te faça sempre rir. Ou talvez seja pela forma como ela pronuncia aquela palavra. O certo é que quando dás por ti, acreditas que o passado foram apenas vocês os dois, e que tudo pode voltar a ser como foi. Mas não pode. Um dia vais ter que dizer já chega e vais ter que cumprir. Mas não hoje.