hoje porque passei o dia a falar, não consigo escrever. hoje, porque desperdicei a imaginação em palavras sem sentimentos, porque enquanto te olhava sentada na esplanada apanhando o sol de inverno soltei a imaginação. deixei que ela partisse e viajasse pelas ruas e observasse as pessoas e sentisse sentimentos novos ou sentimentos velhos de maneira diferente para que, voltando me trouxesse no sabor das palavras a magia de um novo sentimento.
queria dizer-te mil coisas que não disse, queria cantar-te nem que fosse só uma canção que nunca pude cantar, queria-te...aqui.
chegou a hora que marca o fim do meu dia, aquela em que vens em sonhos ter comigo e me dás a tua mão, eu seguro-a com força e não te quero largar nunca mais, és a vida e eu acabo por não saber viver.
porque vives num sonho, enquanto eu sonho em viver para ti.
(escrito em colaboração com o gonçalo do ver com os olhos)
insónia #1
Quando entras no bar e a vês ao longe a sorrir por ele lembras-te que não és só tu que tens um passado. E é aí que pensas que já chega, que já foi longe de mais. É aí que decides que não podes continuar assim. Fazes planos para mudar de cidade, de país e ficas no mesmo sítio porque sabes que não adianta fugir. Dizes já chega e durante dois ou três dias cumpres, não mais que isso. A necessidade de te enganares a ti mesmo é demasiado grande. Acabas por te cruzar com ela, talvez ela te telefone, e és tu quem sorris por ela. Com algo tão simples como uma qualquer piada que vos seja familiar, que te faça sempre rir. Ou talvez seja pela forma como ela pronuncia aquela palavra. O certo é que quando dás por ti, acreditas que o passado foram apenas vocês os dois, e que tudo pode voltar a ser como foi. Mas não pode. Um dia vais ter que dizer já chega e vais ter que cumprir. Mas não hoje.