hoje decidi seguir o teu conselho. não achas que era altura de gastares o dinheiro que não gastas e encheres estas paredes, são arrepiantes? foi a primeira vez que vieste cá a casa. as paredes práticamente brancas nunca me fizeram impressão. sugeriste uma loja de quadros onde já tinhas comprado várias coisas.

pus-me a caminho, com o papel em que escreveste as indicações. sais do metro viras na primeira à esquerda, na segunda à direita e de novo na primeira à esquerda. passando a farmácia tens um largo do lado direito e a loja é do outro lado do jardim. perdi-me. o meu sentido de orientação é péssimo e a velhota a quem tentei perguntar se conhecia a loja só me soube dizer não sou de cá.

entrei numa loja para comprar tabaco e vi um postal, que comprei. colei-o na parede ao lado da minha secretária e passei o resto da tarde a fumar o maço de cigarros e a olhar para a fotografia do postal. ao fumar o último cigarro percebi, se as ruas em que caminho fossem como as de paris eu nunca teria esperança de ser feliz.