cruzo-me e troco olhares com tanta gente na rua todos os dias. porquê tu? porque é que te fotografei com o olhar e guardei a imagem só para mim? a toda a hora em todo o sítio esta fotografia mental que te tirei. agora, já paranóico, penso que te devo ter conhecido algures.
tento explicar a todo o custo a fixação. seja como fôr, a lógica já se perdeu e recorro à estupidez. espero que encontrando a razão te esqueça. percorro todas as memórias. percorro todo os locais onde estive e onde tu possas ter estado. não te conheço e assim não esqueço.
hoje quando já quase não me lembrava entrei no mentro e lá estavas, sentada ao pé da janela. como uma sonhadora que num túnel espera encontrar paisagem. sentei-me à tua frente com a certeza de que te iria falar. afastaste o olhar da janela e dirigiste-o a mim. apenas fui capaz de sorrir.