Primeiro Beijo

Desde aquele primeiro beijo que me esqueci como apreciar outra mulher. Só te quero a ti. Prende-me a ti o facto de te conhecer já lá vão oito anos e não me conheceres de todo. É recíproco. Prende-me a ti o facto de não te poder ter e a esperança de te poder voltar a ter.

Volto à conversa e invento uma desculpa. Que tenho que ir. Pago a conta e saio com a promessa de voltar a ligar. Tenho a certeza que não o vou fazer. Recolhi a mala da pensão. Tentei pagar com cartão mas só aceitava dinheiro. Lá consegui entre trocos na carteira e no bolso juntar os três contos e quatrocentos. Voltei para casa. Nem sei porque saí. De todas as formas, fazia isto de tempos em tempos para ter a sensação de ser turista na minha própria cidade. Não foi o caso. Talvez tenha pensado que isto te faria procurar-me. Não resultou. Não perguntaste se estava tudo bem, nem falaste comigo numa qualquer ooutra língua como fazes sempre nos meus devaneios turísticos. Ignoraste.

Depois de ti voltei a apaixonar-me, voltei a amar mas não era o mesmo sem ti. Nunca te disse isto, nem nada sobre isto. Nunca te disse o quanto gostava de ti. Provavelmente rir-te-ias na minha cara. Da minha cara. Talvez um dia te fale da rapariga que se mudou a semana passada para o meu prédio. É gira. Talvez te fale de cada pormenor do seu corpo e da forma como me suscita desejo. Estou a pensar seduzi-la. São dois andares de distância até uma noite de sexo. Talvez um dia te fale de tudo isso e de outras coisas mais. Como se isso te importasse...