sentei-me na tua varanda sobre o mar. no início apenas explorando o teu quarto por trás do vidro, sentindo a tua casa. tentando perceber-te um pouco melhor através dos teus objectos, da maneira como os espalhas pela casa. o modo como o posicionamento de cada coisa tem uma razão de ser. as fotografias na parede milimetricamente alinhadas, a secretária perfeitamente organizada e optimizada. na mesa de cabeceira o teu diário (que apesar da curiosidade não li) e um livro de poemas, o mesmo livro de que me falas sempre que falamos de livros.
ao conhecer o teu quarto percebi que não te conheço, que não és tudo aquilo que dizes que és, que não és como eu julgo que és. agora não sei se me arrependo de ter conhecido o teu espaço e percebido que não te conheço de todo. agora não sei se quero o teu beijo. hoje, ao contrário de ontem, sei que tudo vai ser diferente, sei que não sei se estou disposto a começar tudo de novo.